segunda-feira, setembro 28, 2009

atentado terrorista de lesa-património natural e paisagístico



Um sinistro 'atentado terrorista', de contornos quasi kafkianos, foi e continua a ser perpetrado por energúmenos - que outra coisa lhes poderei chamar?! - que se auto-denominam arquitectos e engenheiros na Escola Secundária Sebastião e Silva - o antigo e nosso mui estimado e amado Liceu de Oeiras!

Sim, esse, o das grandes e belas recordações da nossa adolescência. Das nossas ambições, dos nossos êxitos e fracassos, dos nossos sonhos, do nosso experimentar e testar as pessoas, a vida e o mundo, dos nossos namoricos efémeros, da nossa vida enfim.



Inaugurado em 18 de Outubro de 1952, este estabelecimento de ensino, de grandes tradições, era até há poucos dias, um dos melhores exemplares da arquitectura de Estado Novo para esta tipologia de edifícios.


Ao longo dos seus 57 anos de existência, poucas ou nenhumas foram as alterações que lhe fizeram na traça original, pelo que qualquer estudante de arquitectura ou história o podia utilizar como modelo de arquitectura da mencionada tipologia.

A maioria das alterações passaram apenas por construção, efémera, de pré-fabricados e pequenos acrescentos nos pátios exteriores.


O triste e funesto drama que o Liceu de Oeiras está a viver conta-se em poucas palavras:

O Ministério da Educação decidiu - 2007 ou 2008 - promover obras de melhoramento no edifício, e avançou com um projecto de intervenção. Não foi questionada a justeza do mesmo, pois o edifício apresentava alguns aspectos de degradação interior, como humidade, e necessitava de intervenção para melhorar as condições de trabalho.

O projecto foi aprovado pela autarquia e as obras avançaram, cremos que em meados de Agosto último.


O que ninguém augurava é que a coberto dessa intervenção, que se pensava seria apenas no edifício em si mesmo, em particular e só no interior, se assistisse a uma intervenção também nos espaços exteriores, na envolvente paisagística, nomeadamente nos pátios, densamente arborizados com magníficos espécimes de árvores - amendoeiras e tílias, p.ex. -, também elas sem dúvida, além do edifício, património, pois estavam perfeitamente integradas na paisagem envolvente do edifício, sendo que muitas, não duvidamos, pelo seu porte seriam da data de construção do Liceu - 57 anos, recordemos. Ora acontece que diversas destas espécies foram abatidas, arrancadas, e outras têm o mesmo destino prometido. Fala-se em números que rondam os 130 exemplares de árvores arrancadas!!


Que os espaços exteriores pudessem ser alvo de alguns melhoramentos, aceita-se e compreende-se.

O que consideramos um verdadeiro acto de terrorismo é o corte daqueles belos e enormes exemplares de espécimes arbóreos, cada vez mais raros na nossa paisagem. Árvores perfeitamente integradas nos espaços a que pertenciam, e que proporcionavam abrigo nas suas copas a centenas de avezinhas que as procuravam, quer para construir ninhos, quer para se alimentarem de insectos, assim como abrigavam as pessoas da chuva, que as procuravam em chuvosos dias de Inverno, ou do sol inclemente nos dias quentes de Verão.


Ficam aqui algumas fotografias do Pátio da Amendoeira, antes e depois do atentado, onde se pode apreciar a profusão e diversidade de espécimes que existiam e desapareceram:



Mais fotografias podem ser vistas no Flickr:


- Fotografias do Liceu ANTES das obras, em várias datas: http://www.flickr.com/photos/42019201@N05/sets/72157622459745684/


- Fotografias do Liceu AGORA, após início das obras: http://www.flickr.com/photos/42019201@N05/sets/72157622336707297/


nota 1: Está a correr um abaixo-assinado (papel) sobre este tema.


nota 2: O programa "Nós por Cá" da SIC esteve na ESSS, após lhe ter sido feita uma denúncia, e aguarda-se que a reportagem seja exibida.


nota 3: Foi igualmente efectuado um contacto com a Quercus, aguardando-se desta uma resposta.


Sobre a história interessantíssima do vetusto Liceu Nacional de Oeiras, clique aqui.


Aceda também à Associação de Antigos Alunos e Amigos do Liceu Nacional de Oeiras / Escola Secundária Sebastião e Silva, aqui. Se lhe agradar e for do seu interesse, convidamo-lo a registar-se no site.


Não fiquemos indiferentes aos desmandos desta corja de tecnocratas despudorados e sem rumo que destroem o nosso património natural !!


quarta-feira, setembro 09, 2009

o excelso sentido cívico do tuga...


Estes restos de mobiliário com algum volume foram deixados ontem de manhã ou à tarde próximo dos contentores de lixo, na Rua da Quinta da Serra, na Quinta do Marquês em Oeiras, vá-se lá saber por quem.

Para dar uma melhor localização, esta rua está paredes-meias com o Pingo Doce de Sassoeiros, por trás da Quinta da Serra, que dá o nome à rua.

Junto deles estavam também uns cortinados que, esses, depressa levaram sumiço. Mas o resto ficou a emporcalhar o passeio e a transtornar os transeuntes.


De noite passou o carro da recolha de lixo, passa por volta das 03h da madrugada, que é claro não recolheu esta tralha pois não é da sua competência ou interesse. Talvez, na melhor das hipóteses, e é só uma suposição, um dos homens da recolha avise os colegas que fazem a recolha de grandes volumes, que passa, creio, às quintas-feiras, para passarem por ali. Quem sabe? Pode ser que sim, pode ser que não...


Seja como for, todo o munícipe sabe que lixo destas dimensões e natureza não é recolhido pela recolha de resíduos domésticos e deve ser colocado em dia próprio e a certas horas na rua.


Será que é ignorância ou é mesmo e só falta de civismo?!


Note-se que não falo de uma urbanização 'pobre', da classe baixa, média-baixa ou média. Esta rua situa-se numa urbanização maioritariamente habitada pela classe média / média-alta.

Faço também notar que situações como esta e mesmo mais importunas, com objectos de dimensões maiores e em maior número, são frequentes nesta zona e não só no local aqui considerado.


fotografia 09-09-2009, 15h37 © josé antónio • comunicação visual