sábado, outubro 03, 2009

da caixa de comentários


Este comentário foi colocado na peça imediatamente abaixo desta, intitulada "atentado terrorista de lesa-património natural e paisagístico". Pela sua importância decidimos dar-lhe mais visibilidade.

As entrelinhas em branco são da nossa responsabilidade, para facilitar a leitura:


"É com prazer que reconheço as fotos que consegui tirar com o telemóvel quando aquele acto de vandalismo estava a ser concretizado. Na sequência redigi com uma amiga o texto do abaixo assinado que numa semana recolheu mais de 300 assinaturas e que entreguei em mão no minstério da educação e na Parque Escolar.O tempo era curto e as pessoas envolvidas no protesto, muitas delas a trabalhar no liceu de Oeiras sentiram da parte da direcção da escola hostilidade que podia levar a intimidação pelo facto de se sentirem indignadas e solicitarem explicações.Só espero que contribua para a divulgação da "ocorrência"que infelizmente é mais uma das muitas que cada vez mais sucedem pelo país fora e com o maior dos despudores e que infelizmente só se conseguem travar quando divulgadas nos media, já que podem por em risco resultados eleitorais, negócios e "empregos".


O caso do liceu de Oeiras parece envolver inúmeros interesses, sendo os mais notórios, os dos poderes nacionais e locais -apresentar obra feita em propaganda eleitoral- e os da Empresa Parque Escolar, que teve carta branca do governo para gerir verbas astronómicas de fundos europeus, libertadas para o governo pelo banco central europeu.


Com elas se decidiu requalificar os edifícios das escolas portuguesas, objectivo que o governo definiu como prioritário para a melhoria da educação pública.

A Parque Escolar tratou de enunciar como estratégia um conjunto de requisitos que passaram a essenciais para os muito repetidos "desafios do futuro ", onde estará sempre presente, qual divindade da nova era, o mundo digital.


Mas não só. Déspotas esclarecidos pretendem dotar JÁ e talvez julgando que para a eternidade as escolas com espaços projectados de propósito par albergar um tipo de ensino, de curriculos, de conteúdos e de metodologias. Não se verificou no entanto em paralelo nenhuma tentativa de estudo sério dos programas nem das estruturas curriculares, continuando o ensino secundário em Portugal a produzir alegremente gerações de analfabetos e de seres humanos incapazes de ler, racicionar, questionar e decidir.E uma reforma do ensino que custa milhões de euros gastos em operações de cosmética e de propaganda.


Nessa operação concertada vários interesses avançam: as empresas de construção e venda de equipamentos contratadas por ajuste directo, os interesses locais nos futuros in vestimentos que poderão valorizar o solo e o edificado, para o aumento das receitas nos impostos. Em simultâneo a ignorância científica e a cada vez maior iliteracia da população, é justificada com a má qualidade dos professores que interessa castigar, até porque a população aplaude.


Reina portanto o pato bravismo e o novo riquismo no país e na educação.

No caso das obras no liceu de Oeiras, a "requalificação da escola" teve requintes. Considerou a Parque Escolar e o ministério, essencial para essa requalificação, a tábua rasa sobre a memória. Pretende-se talvez um cidadão novo acéptico e pouco pensante, onde não terão lugar quaisquer préexistências.


Para esse fim julgou decerto politicamente incorrectos os jardins do liceu onde a imponência de muitas das árvores que com o passar dos anos conferiram dignidade aos espaços exteriores e definiam uma forte identidade ao lugar onde todos sentiam uma sensação de pertença.

Tratou-se portanto de uma intervenção (des)educativa regime: as àrvores cortadas são a metáfora do abate dos valores que justificam a época onde, sem ideologia, a sociedade se vai afndando em fundamentalismos fanáticos."


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